quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Começou a ciberguerra contra o poder político e financeiro

Internautas declaram cyberguerra contra poderosos que querem calar o Wikileaks.
Hackers de todo o mundo atacam sites de banco suíço, de cartões de crédito e os tiram do ar.
Hacker torna milionário habitante de Burkina-Faso, um dos países mais pobres do mundo.
   
A criatura que se rebela contra o criador e o personagem franzino vencendo o gigante são narrativas que venceram séculos e distâncias graças, primeiro, à rede informal de comunicação oral e, depois, ao registro escrito e à publicação impressa. Num tempo em que ninguém nem mesmo pensava em possibilidades como a internet, os aedos e as populações de pequenas vilas, feudos e cidades mantiveram vivas essas histórias, depois resgatadas e recontadas pela literatura -- o Frankenstein de Mary Shelley é, talvez, um dos exemplos mais famosos, assim como a narrativa bíblica de Davi e Golias. A filosofia política também se ocupou do tema: o conceito de luta de classes estabelecido por Karl Marx e o caminho para o comunismo libertador são a prova mais contundente de como esses mitos operaram na mente de pensadores os mais diversos.

O que nenhum de nós poderia supor, talvez, é que em pleno século XXI essas narrativas pudessem sair do papel e tornar-se uma realidade planetária. Pois é exatamente isso que está acontecendo neste exato momento. Pela internet, criatura do Pentágono, milhares de Davis enfrentam os Golias do mundo político e financeiro. Os ataques ao Wikileaks (WL), vindos de potências como Estados Unidos e União Europeia e de figurantes como o Tea Party -- movimento que reúne a extrema direita estadunidense -- reverberaram no Pentágono (óbvio), na Amazon.com (servidor que hospedava o WL), no sistema de pagamento on-line PayPal, nos cartões Mastercard e Visa e nos bancos em que o WL e Julian Assange, seu idealizador, mantém contas. A Amazon encerrou a hospedagem do WL, o que o manteve fora do ar por quase seis horas; o PayPal recusou-se a receber doações de internautas para o portal, os cartões de crédito Mastercard e Visa trataram de impedir que as doações de seus associados chegassem ao WL e os bancos encerraram as contas do site e de Assange.

Essa pressão política e econômica para forçar o fechamento do Wikileaks foi uma declaração de guerra aos internautas. Cientes de que o WL precisa ser mantido para mostrar a todos como funciona realmente o mundo, desmontando a tosca farsa elaborada diariamente pela mídia corporativa mundial, esses internautas sacaram suas armas e foram ao combate. No campo de batalha da internet criaram mais de 700 sites-espelho* do Wikileaks -- o portal Esquerda.net calculava, hoje, que esse número já chegara a 743 -- e apontaram seus mísseis para os sites do banco suíço que encerrou as contas WL, do Visa e do Mastercard, tirando-os do ar. Milhões de internautas do mundo inteiro acompanham a guerra, encorajando a armada reunida sob o título Anon_Operation (Operação dos Anônimos) para que amplie seu poder de fogo. "Keep firing" é a palavra de ordem. Acompanhe: @anon_operation.

Hackers conseguem tirar dinheiro desses portais e enviar a associações e ONGs que realizam trabalhos relevantes. Um deles, Tiny Dancer93, transformou em milionário um habitante de Burkina-Faso, um dos países mais pobres do mundo. Acompanhe: @wikileaks #Payitforward.

Assine a petição da Avaaz.org em defesa do Wikileaks: http://www.avaaz.org/po/wikileaks_petition/95.php?CLICKTF.

Nem o Pentágono poderia supor que sua invençãozinha para comunicação interna e externa acabaria apontada contra seu próprio sistema. Enquanto os EUA armam suas bases militares pelo planeta, a população, armada de inteligência e computadores, desfere golpes mortais nos centros de poder.


* Sites-espelho são aqueles que mantêm cópias fieis das páginas do site principal. Caso este último seja atacado e saia do ar, as informações continuam intactas nos espelhos e podem ser acessadas neles.

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