segunda-feira, 9 de agosto de 2010

EUA negociam com Talibã e negam direitos às mulheres afegãs




Que a mídia corporativa, em especial a dos EUA, manipula informações para enganar seus leitores e levá-los a aceitar as decisões das altas cúpulas, não é segredo para ninguém. Mas a TIME desta semana exagerou na dose ao colocar na capa a foto da afegã Aisha, sem uma asa do nariz, a fim de defender a invasão dos EUA no Afeganistão, numa guerra que já dura 10 anos.
Huda Jawad, escritor e colaborador da Islamic Insights, publicação semanal dos EUA, faz a crítica à TIME. Recebi o artigo via Frontlines of Revolucionary Struggle agora há pouco. Os destaques, em negrito, são meus.




Com "libertadores" como estes, quem precisa de opressores?

A revista TIME deve estar enfrentando um grave caso de amnésia, a julgar pela capa da edição desta semana, que afirma: "O que aconteceria se deixássemos o Afeganistão". Na melhor das hipóteses, trata-se de jornalismo maldoso e irresponsável; na pior das hipóteses, é uma das peças mais flagrantes de propaganda pró-guerra em anos. O mundo deve às mulheres do Afeganistão uma resposta honesta sobre por que permite, de modo apático, que sua [das mulheres afegãs] condição se deteriore do horrível ao simplesmente indescritível. Em vez disso, a TIME de bom grado engana os leitores, levando-os a pensar que o estado de Aisha - a jovem retratada na capa - é resultado de uma ação dos talibãs há 10 anos. Não é. O rosto cheio de cicatrizes de Aisha é um reflexo de cortar o coração da situação das mulheres afegãs hoje, em 2010, e sob a absurda afirmação da “democracia” e da presença de milhares de militares dos EUA e da OTAN no país.
Aisha foi atacada pelo Talibã no ano passado, no momento em que milhares de tropas estrangeiras circulavam por todo o Afeganistão sob o pretexto de libertá-lo. A TIME repete o mantra indesculpável, e já redundante, utilizado pelo Departamento de Defesa [dos EUA] e de quase todos os políticos neoconservadores: “estamos no Afeganistão para salvar as mulheres”. Aqui está o problema: as tropas dos EUA estão no país e o dominam há 10 anos, mas a violência contra as mulheres afegãs cresce em vez de diminuir. As ações do Talibã são reprováveis e estão muito distantes [daquilo que prega] a doutrina islâmica. No entanto, a TIME e Katie Couric (que deu um aval humilhante à capa e ao êxito do artigo) parecem ter a intenção de alimentar o fogo da islamofobia ao usar essas imagens.
A mídia nos ensina incessantemente que os muçulmanos – em particular os do gênero masculino - são cruéis e comportam-se de maneira fulminante para com as mulheres. No caso dos talibãs isso é verdade, e é um insulto ao Islã que personagens tão vis aleguem aderir a essa crença. No entanto, igualmente insultuosa é a noção de que os EUA estão no Afeganistão para proteger as mulheres [das ações] do Talibã, grupo criado e financiado pelos Estados Unidos durante a guerra fria [para lutar] contra a extinta União Soviética. Esse absurdo é usado para propagar que os EUA saem de casa para libertar as mulheres muçulmanas. Trata-se de uma perda de tempo, pois ninguém explica por que os EUA não enviam seus [caças] F-16 à Arábia Saudita para libertar as mulheres de lá das cadeias da opressão, da ameaça de condenação por crimes contra a honra e da obrigação de casar ainda crianças. Os Estados Unidos não têm escrúpulos em apoiar a Arábia Saudita com bilhões de dólares em ajuda militar por ano - além de exportar uísque e roupas íntimas - a fim de manter o status quo do Oriente Médio a favor dos interesses estadunidenses.
Os mesmos misóginos senhores da guerra e traficantes de drogas, responsáveis pelo assassinato em massa no Afeganistão, estão agora no governo graças ao apoio dos EUA, e se deleitam. Talvez a única diferença esteja nos ternos que vestem e nas máscaras da assim chamada “democracia”. Existem atualmente três grandes forças capazes de determinar o destino das mulheres afegãs: o governo instalado pelos EUA, a insurgência talibã e os próprios EUA. Eis um pensamento selvagem: nas reuniões altamente secretas desses três grupos “altruístas”, a última coisa com que eles se ocupam não é se à pequena Fátima ou a Aisha é permitido ir à escola sem que corram o risco de ter ácido jogado no rosto. Os direitos das mulheres torna-se um ponto de ruptura somente quando o governo afegão e os EUA fazem concessões indignas à insurgência talibã em relação aos direitos femininos, a fim de manter um cessar-fogo com os rebeldes ou para obter mais influência política.
Os Estados Unidos demonstram tanta preocupação com a situação das mulheres afegãs que continuam a assegurar apoio a Hamid Karzai [presidente do Afeganistão], considerando "legítimas" as últimas eleições, apesar da fraude aparente e da intimidação aos eleitores. Além de abrir negociações com os talibãs e fazer concessões a eles, Karzai também ganha concessões do Hezb-i-Islami (Partido Islâmico), liderado por Gulbuddin Hekmatya - uma facção cuja atitude em relação às mulheres rivaliza, em crueldade e opressão, com o Talibã. Existe outro mito promovido pelas autoridades afegãs e pelos decisores políticos dos EUA: o de que existe um Talibã moderado. Trata-se, na verdade, do mesmo grupo de terroristas responsável por tornar a vida um inferno absoluto para milhões de mulheres afegãs, mas com mais poder e dinheiro .
Os números vendidos para a mídia pintam um quadro otimista da situação das mulheres no Afeganistão. Na realidade, essas estatísticas são uma piada cruel e não fazem nada para melhorar a situação social feminina. Dez anos e 300 bilhões de dólares depois, os Estados Unidos têm feito pouco para capacitar as mulheres de um Afeganistão devastado pela guerra. Na província de Uruzgan existem oficialmente 220 escolas, mas apenas 21 delas funcionam. De acordo com a pesquisadora Rachel Reid, [sediada] em Cabul, [em depoimento] para a Human Rights Watch, "apenas quatro por cento das moças em idade de frequentar a escola secundária atingem a 10ª. série". Em vez de levar a democracia e a igualdade social para o Afeganistão, os EUA ajudou o país a transformar-se em produtor mundial de ópio -- 93% do ópio do mundo é produzido lá. Isso é quase chocante se considerarmos que o irmão de Hamid Karzai é o maior traficante da droga no Afeganistão. Enquanto os senhores da guerra lucram com o neocolonialismo imposto pela ocupação, o mais recente Índice de Desenvolvimento Humano das Nações Unidas classifica Afeganistão em 181º. lugar entre 182 países. Cerca de vinte milhões de afegãos vivem com menos de 2 dólares por dia. A situação levou muitas mães pobres a considerar a venda dos filhos, dada sua incapacidade de alimentá-los.
Só no Afeganistão estupradores de crianças e criminosos de guerra são autorizados a negociar com o chamado “governo democrático”, com o apoio dos EUA. Tome-se como exemplo a ascensão do poder político de Mohammed Mohaqiq [fundador e chefe do Hezb-e Wahdat, Partido da Unidade Islâmica]. Em 2001 e 2002, o partido deu início a uma orientação sistemática aos pashtuns [maior grupo étnico do Afeganistão] por causa de seus laços étnicos com o Talibã. Como resultado, aldeias inteiras de civis foram atacadas e jovens foram seqüestrados a caminho da escola pelos bandidos armados de Mohaqiq. Em 2002, Mohaqiq conseguiu ser vice-ministro do Planejamento do governo "democrático" do Afeganistão. Em 2007, ele planejou a lei de anistia afegã, que concedeu perdão e proteção total aos senhores da guerra do Talibã. A lei não foi aprovada em 2007, mas, durante as eleições de 2009 - um evento que a história pintará para sempre como o paradigma da corrupção -, Mohaqiq deu seu apoio a Karzai, que lhe prometeu um cargo no novo governo. Karzai colocou em vigor a lei de anistia do Afeganistão em 2010, a fim de imunizar Mohaqiq e seus pares pelos crimes cometidos contra as mulheres.
A retórica de "Vamos salvar as mulheres afegãs" é hipócrita, considerando que os EUA e a OTAN ficaram de braços cruzados enquanto Karzai e os senhores da guerra montavam o maior esquema de fraude eleitoral da história moderna. O artigo da TIME especula sobre o destino das mulheres afegãs, uma vez que os EUA pararam de enviar as embalagens de ajuda humanitária na forma de ataques realizados por drones [aviões não tripulados] sobre populações civis e festas de casamento, entre outros alvos “perigosos”. No entanto, porque o Talibã não é mais inimigo do exército dos EUA – que o legitimou e até mesmo entrou em negociações secretas com o grupo – que tal bombardear a população civil, matando-a? No Afeganistão, a presença de um exército estrangeiro significou bombardeios indiscriminados por parte das “forças da liberdade”, além de massacres de civis pelas tropas dos EUA e de corrupção pública generalizada por lacaios instalados pelos EUA.
É um pecado imperdoável a mídia e os decisores políticos estadunidense continuarem alegando descaradamente que estão no Afeganistão para libertar sua população feminina.
Talvez a celebração de acordos faça sentido para os EUA e para o Talibã, considerando que ambos têm o dom de matar civis inocentes no Afeganistão e em outros lugares. Ao perguntar o que aconteceria se ficássemos no Afeganistão, a TIME alinha-se à mídia de extrema direita, fanática e pró-guerra, jogando seu peso na destruição contínua da infraestrutura social e civil do Afeganistão. Os EUA devem às mulheres afegãs ao menos o cessar de insultá-las, afirmando que tornar piores suas condições de vida significa "libertá-las". Essas mulheres já sofreram o bastante. Não vamos transformá-las em “garotas da capa” para justificar mais ataques aéreos em zonas civis.




sábado, 7 de agosto de 2010

Prepare-se: vem aí a III Grande Guerra

Os sinais da militarização global são evidentes, e incluem o aumento significativo dos investimentos estadunidenses em tecnologia militar; novas bases militares dos EUA na Europa, na Ásia e na América Latina (incluindo, claro, o Caribe), além do envio de mais tropas e equipamentos a essas bases; navios de guerra estadunidenses estacionados no Golfo Pérsico e no Mar do Japão.


Tudo isso, dos investimentos às mobilizações, vem recebendo enorme impulso desde 2001, quando do ataque ao World Trade Center de Nova York. Dada a militarização crescente do planeta, não há mais como negar que era esse o objetivo -- como já haviam adiantado especialistas em segurança militar da Europa e dos próprios EUA -- do ataque às torres do WTC, planejado e executado pelos serviços secretos dos EUA e de Israel. Eles precisavam justificar a militarização, alegando "combate ao terrorismo" e aterrorizando a população, para que ela implorasse por "segurança" e renunciasse a direitos civis. À mídia coube o papel de divulgar a versão oficial, falsa, e de prosseguir demonizando os movimentos de resistência -- que se armam para defender-se do inimigo, o que é garantido pela legislação internacional --, chamando-os "terroristas".


Não por acaso, esses movimentos estão em países muçulmanos, como Palestina (Hamás) e Líbano (Hezbollah). Para o Pentágono e para o lobby israelense é vital satanizar os grupos de resistência dos países submetidos à ocupação e ao ataque constante de forças militares de Israel. Ao classificá-los como "terroristas" -- algo que, saibamos desde já, eles não são --, o exército israelense procura justificar suas ações contra os países onde esses grupos estão sediados. Alegando "soberania" e "defesa da nação", as autoridades de Israel seguem cometendo, impunes, crimes contra a humanidade. O verdadeiro objetivo dos sionistas é a expansão do território israelense, para a apropriação das ricas reservas de petróleo e de gás do Oriente Médio. A referência messiânica, religiosa, não passa de uma desculpa na qual eles nunca acreditaram, mas utilizaram para unir os judeus em torno de um projeto expansionista e imperialista -- essa estratégia consta do projeto sionista praticamente desde seu início, no século XIX, como mostram numerosos documentos deixados pelos sionistas. 


A omissão criminosa da maioria dos países da União Europeia (UE) e da América do Norte, como EUA e Canadá, deve-se principalmente a sua dependência da ciranda financeira orquestrada por grandes bancos transnacionais e pelos elos que os ligam à OTAN, Organização do Tratado do Atlântico Norte. Criada em 1949, em plena guerra fria, para fazer frente ao então bloco socialista liderado pela ex-URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas) -- bloco que em seguida criou, como contraponto, o Pacto de Varsóvia --, a OTAN, depois da desintegração da URSS, absorveu antigos países socialistas, ampliando sua base e seu poder. 


A política interna e externa dos países-membros é ditada pela OTAN, na qual os EUA, como maior potência militar do planeta, exercem o predomínio. E, uma vez que o lobby sionista tem postos-chave na administração dos EUA, controla sua indústria midiática e de entretenimento, participa de seu complexo militar e de sua elite financeira, a conclusão de que ele tem voz de comando nos EUA e na OTAN é óbvia. Tanto é assim que o jornalista Robert Fisk dá a seu artigo de 31 de julho, no jornal britânico The Independent, o título de "Israel esgueirou-se para dentro da União Europeia sem ninguém perceber" (recebi esse artigo em português; logo será postado). No texto, Fisk comenta a morte de cinco oficiais israelenses num acidente de helicóptero na Romênia e o silêncio da mídia sobre o fato. A pergunta: se Israel não é membro da OTAN nem é parte da Europa, o que faziam esses oficiais lá? Resposta: participavam de um exercício militar da OTAN. Pergunta: com a autorização de quem? Ou, como indaga Fisk, "O que a OTAN pretende ao participar de exercícios militares com um exército acusado de crimes de guerra [pelo ataque a Gaza, segundo o Relatório Goldstone]?" Respostas no título e no corpo do artigo de Fisk.


A propósito, o jornalista cita um trecho dos originais de David Cronin sobre as relações UE-Israel, um livro que sairá em novembro: "Israel desenvolveu laços políticos e econômicos tão fortes com a União Europeia na década passada que se tornou um país-membro em tudo, exceto nominalmente". Fisk acrescenta uma frase de Javier Solana, o "imundo" dirigente de política internacional da UE e ex-secretário-geral da OTAN: "Israel, permitam-me dizer, é membro da União Europeia sem ser membro da instituição". 


Ah, bom. Agora entende-se por que a direita europeia, capitaneada pelo direitista ex-primeiro ministro espanhol José María Aznar, organizou-se para defender Israel das críticas que o país vem sofrendo mundo afora e do isolamento a que foi relegado. O objetivo do grupo, segundo Aznar, é "reagir às tentativas de deslegitimizar o Estado de Israel e seu direito de viver em paz dentro de fronteiras seguras e defensáveis". Repetindo: ah, bom. Alguém contou a Aznar que Israel nunca delimitou suas fronteiras exatamente por planejar, desde sempre, ampliá-las? E sobre os crimes contra a humanidade, Aznar os coloca na conta do "direito de viver em paz"? Logo Israel, um Estado militarizado, policial e violento?


Bem, não há quase nada que o dinheiro não compre. Aí estão os Rothschilds, que não me deixam mentir.


O acidente na Romênia, as declarações de Solana e Aznar, a satanização dos movimentos de resistência de países de maioria muçulmana, a transformação de Gaza em campo de concentração e em alvo de testes de novas armas químicas e de estratégias de "segurança", o ataque ao World Trade Center em 11 de setembro de 2001, a "guerra ao terrorismo", a repetição à exaustão da criminosa cantilena da mídia pró-EUA em todo o mundo, os protestos contínuos de Ahmadinejad e de Chávez, os alertas de Fidel Castro, tudo isso tem algo em comum: a preparação da III Guerra Mundial, já em curso. A primeira parte do ensaio de Michel Chossudovsky, professor emérito de economia da Universidade de Ottawa, Canadá, escritor premiado e brilhante analista da política internacional faz a conexão entre esses e outros fatos, revelando a face assustadora do mosaico que se forma ao longo do processo dessa conexão. 


Feita essa longa introdução -- maior do que eu planejava --, vamos à tradução da primeira parte do ensaio sobre os motivos pelos quais, segundo Chossudovsky, a III Grande Guerra está em plena preparação. Leia também o artigo de Fidel Castro sobre o mesmo assunto clicando aqui


Os destaques no texto são meus, assim como as informações complementares entre [ ]. Palavras e trechos com esta cor, com ou sem negrito, remetem a linques; basta clicar sobre elas. Resta dizer que Chossudovsky não incluiu em seu ensaio os acordos dos EUA com os países africanos, que formaram  comandos militares na África, os Africom, em 2007. Visite a página do Departamento de Defesa dos EUA para conhecer o plano dos Comandos Unificados, espalhados em todos os continentes. 


Para nós, brasileiros, esse é um dado importante, pois compromete o diálogo Sul-Sul. Além, claro, de nos cercar a leste e a noroeste: a leste pelas bases dos EUA na África; a noroeste pelas bases dos EUA na Colômbia. Lembremos: com o pré-sal, o Brasil salta para a lista dos maiores produtores de petróleo do mundo. Esse fator, somado à rica biodiversidade, transforma nosso país em objeto de desejo de EUA-OTAN-Israel.


Em outra postagem mostrarei por que não acredito na eclosão de uma guerra mundial nos moldes clássicos. Minha hipótese é que viveremos uma situação tão dramática como a da guerra, mas sem a catástrofe nuclear.


Preparando a III Guerra Mundial: o Irã como alvo


Parte I - Guerra global


Tradução: Baby Siqueira Abrão
  
A humanidade está numa encruzilhada perigosa. Os preparativos da guerra contra o Irã estão "num estágio avançado". Sistemas de alta tecnologia, incluindo armas nucleares, estão totalmente implantados. 
 
Essa aventura militar faz parte dos planos do Pentágono desde a década de 1990. Primeiro o Iraque e depois o Irã, de acordo com documentos do Comando Central do exército dos EUA revelados em 1995. 
 
A escalada faz parte da agenda militar. O Irã é o alvo da vez, juntamente com a Síria e o Líbano, mas a estratégia militar ambém ameaça a Coreia do Norte, a China e a Rússia. 
 
Desde 2005 os EUA e seus aliados, incluindo os parceiros da UE na OTAN e Israel, têm se envolvido no desenvolvimento generalizado [da guerra] e no armazenamento de sistemas avançados de armamentos. Os sistemas de defesa aérea dos EUA, dos países da OTAN e de Israel estão integrados. 
 
O esforço é coordenado pelo Pentágono, pela OTAN e pelo exército israelense (IDF), com participação ativa dos militares de vários países que não participam da OTAN, incluindo os Estados árabes de primeira linha (membros do Diálogo do Mediterrâneo, ligado à OTAN, e da Iniciativa de Cooperação de Istambul): Arábia Saudita, Japão, Coreia do Sul, Índia, Indonésia, Cingapura e Austrália, entre outros. (A OTAN é composta de 28 Estados-membros. Outros 21 países são membros do Conselho da Parceria Euro-Atlântica, ou EAPC. Do Diálogo do Mediterrâneo e da Iniciativa de Cooperação de Istambul participam dez países árabes e Israel.) 
 
O papel do Egito, dos Estados do Golfo e da Arábia Saudita (dentro da aliança militar expandida) é de particular relevância. O Egito controla o movimento de navios de guerra e de petroleiros pelo Canal do Suez. A Arábia Saudita e os Estados do Golfo ocupam, a oeste da costa sul do Golfo Pérsico, o estreito de Ormuz e o golfo de Omã. No início de junho, "o Egito informou ter permitido que onze navios dos EUA e de Israel atravessassem o Canal de Suez, em [...] um sinal aparente para o Irã [...] A 12 de junho, órgãos de imprensa regionais informaram que os sauditas tinham concedido, a Israel, permissão para sobrevoar o seu [dos sauditas] espaço aéreo" (Muriel Mirak-Weissbach, "A guerra insana de Israel com o Irã deve ser prevenida"Global Research, 31 de julho 2010).


Na doutrina militar depois de 11-S [11 de setembro de 2001, data do ataque ao WTC, em Nova York], a implantação maciça de equipamento militar pesado foi definida como parte da "Guerra Global Contra o Terrorismo", apontando para organizações terroristas "não estatais", como a Al-Qaeda, e para os assim denominados "Estados patrocinadores do terrorismo", incluindo Irã, Síria, Líbano e Sudão. 
 
A criação de novas bases militares dos EUA, o armazenamento de sistemas avançados de armamentos, incluindo armas nucleares táticas, etc., foram realizados como parte da doutrinação militar defensiva/preventiva, sob o leque da "Guerra Global Contra o Terrorismo"
 
Guerra e crise econômica 
 
As conseqüências de um amplo ataque dos EUA, da OTAN e de Israel contra o Irã são profundas. 
A guerra e a crise econômica estão estreitamente relacionadas. A economia de guerra é financiada por Wall Street, que fica como credor da administração estadunidense. Os fabricantes de armas dos EUA são os destinatários de bilhões de dólares dos contratos com o Departamento de Defesa [estadunidense], para a compra de sistemas avançados de armamentosPor sua vez, a "batalha pelo petróleo" no Oriente Médio e na Ásia Central serve diretamente aos interesses dos gigantes petrolíferos anglo-americanos.


Os EUA e seus aliados estão "batendo os tambores da guerra" no contexto de uma depressão econômica mundial, para não mencionar os mais graves desastres ambientais da história do mundo. Numa reviravolta amarga, uma das grandes peças do tabuleiro geopolítico da Ásia Central e do Oriente Médio, a BP, antigamente conhecida como Anglo-Persian Oil, foi a instigadora do desastre ambiental no Golfo do México. 
 
Mídia e desinformação 
 
A opinião pública, influenciada pela propaganda da mídia, ofereceu apoio tácito, indiferente ou ignorante quanto aos impactos potenciais do que continua a ser tratado como uma operação "punitiva" ad hoc, dirigida contra instalações nucleares no Irã, em vez de ser considerada uma guerra total. Os preparativos para a guerra incluem a utilização de armas nucleares fabricadas pelos EUA e por Israel. Nesse contexto, as consequências devastadoras da guerra nuclear são banalizadas ou nem mesmo são mencionadas. 
 
A "crise real" que ameaça a humanidade, de acordo com a mídia e os governos, é o aquecimento global, não a guerra. A mídia fabricará uma crise onde não houver crise: um "terror global" -- como a pandemia da gripe H1N1. Mas ninguém parece temer uma guerra nuclear patrocinada pelos EUA. 
 
A guerra contra o Irã é apresentada ao público como um assunto entre outros. Não é considerada uma ameaça à "Mãe Terra", como no caso do aquecimento global. A guerra não é notícia de primeira página. O fato de que um ataque ao Irã poderia conduzir a uma escalada de violência e potencialmente desencadear uma "guerra global" não constitui motivo de preocupação. 
 
Culto da morte e da destruição 
 
A máquina global da morte também é apoiada pelo culto da morte e da destruição que permeia os filmes de Hollywood, para não falar das guerras no horário nobre e das séries sobre o crime apresentadas pelas redes de televisãoEsse culto à morte é apoiado pela CIA e pelo Pentágono, que também apoiou (via capitalização) as produções de Hollywood como instrumento de propaganda de guerra: 
 

Bob Baer, ex-agente da CIA , disse haver "uma simbiose entre a CIA e Hollywood", e revelou que o antigo diretor da CIA, George Tenet, está atualmente em Hollywood, falando com os estúdios. (Matthew Alford e Robbie Graham, "Luzes, câmara, ação: as insondáveis políticas de Hollywood". Global Research, 31 de janeiro de 2009). 

A máquina de matar é implantada mundialmente, no âmbito da estrutura de um comando unificado de combate. É mantida por instituições governamentais, pela mídia corporativa e pelos mandachuvas intelectuais da Nova Ordem Mundial, nos think tanks de Washington e nos estudos estratégicos dos institutos de pesquisa como um instrumento incontestável de paz e de prosperidade global. 


A cultura da morte e da violência foi engastada na consciência humana. 
 
A guerra é amplamente aceita como parte do processo social: o país deve ser "defendido" e protegido
 
A "violência legítima" e os assassinatos extrajudiciais contra "terroristas" são apoiados, nas democracias ocidentais, como instrumentos imprescindíveis de segurança nacional. 
 
A chamada "guerra humanitária" é apoiada pela assim chamada comunidade internacional. Não é condenada como ato criminoso. Os principais arquitetos são recompensados por suas contribuições para a paz global.


Em relação ao Irã vem sendo desenvolvida uma apressada legitimização da guerra, em nome de uma noção ilusória de segurança global. 
 
Um ataque aéreo "preventivo" contra o Irã levaria a uma escalada militar

Atualmente, existem três teatros distintos de guerra no Oriente Médio e na Ásia Central: Iraque, Afeganistão-Paquistão e Palestina. 
 
Se o Irã vier a sofrer ataques aéreos "preventivos" das forças aliadas, toda a região, do Mediterrâneo oriental à fronteira ocidental da China com o Afeganistão e o Paquistão, pode explodir, o que potencialmente leva a um cenário de III Guerra Mundial. 
 
A guerra também se estende para o Líbano e para a Síria. 


É altamente improvável que os ataques, se implementados, limitem-se às instalações nucleares do Irã, como alegam, em declarações oficiais, os EUA e a OTAN. O mais provável é um ataque aéreo nas infraestruturas militares e civis, nos sistemas de transporte, nas fábricas e nos edifícios públicos. 
 



O Irã, que detém, segundo estimativas, 10% do petróleo do mundo, é o terceiro em tamanho de reservas mundiais de gás, depois da Arábia Saudita (25%) e do Iraque (11%). Em comparação, os EUA possuem menos de 2,8% das reservas mundiais de petróleo, estimadas em pouco menos de 20 bilhões de barris. A região que compreende o Oriente Médio e a Ásia Central tem reservas que ultrapassam em 30 vezes as dos EUA, representando 60% das reservas mundiais (veja Eric Waddell, A batalha do petróleoGlobal Research, dezembro de 2004). 
 
É importante a recente descoberta, em Soumar e Halgan, no Irã, da segunda maior reserva conhecida em todo o mundo. São estimados, ali, 12,4 trilhões de pés cúbicos de óleo. Ter o Irã como alvo não significa apenas recuperar o controle anglo-americano do petróleo e do gás, incluindo as rotas de gasoduto. Significa também desafiar a presença e a influência da China e da Rússia na região. 



 
O ataque planejado contra o Irã é parte de um mapa global de orientação militar coordenada. É parte da "guerra expandida" do Pentágono, uma bem-sucedida guerra sem fronteiras, um projeto de dominação global, uma série de operações militares. 
 
Os planejadores militares dos EUA e da OTAN têm fornecido vários cenários para a escalada militar. Eles estão muito conscientes das implicações geopolíticas, ou seja, de que a guerra pode espalhar-se para além do Oriente Médio e da Ásia Central. Os impactos econômicos nos mercados de petróleo, etc., também foram analisados.


O Irã, a Síria e o Líbano são os objetivos imediatos, mas China, Rússia e Coreia do Norte, para não mencionar Venezuela e Cuba, também estão sujeitas às ameaças dos EUA. 
 
Em causa está a estrutura das alianças militares. O processo militar de EUA-OTAN-Israel, incluindo manobras e exercícios próximos das fronteiras da Rússia e da China, tem relação direta com a proposta da guerra contra o Irã. Essas ameaças veladas, incluindo seu ritmo cronometrado, são um claro aviso para os velhos poderes da era da gerra fria, para impedi-los de interferir num ataque contra o Irã. 
 
A guerra mundial 
 
O objetivo estratégico, a médio prazo, é alcançar o Irã e neutralizar os seus aliados por meio da diplomacia do canhão. O objetivo militar a longo prazo é atacar diretamente a China e a Rússia. 
 
Embora o Irã seja o objetivo imediato, os desdobramentos militares não se limitam ao Oriente Médio e à Ásia Central. Foi formulada uma agenda militar global. 
 
O envio das tropas da coligação e dos sistemas avançados de armamento de EUA, OTAN e parceiros ocorrem simultaneamente nas principais regiões do mundo. 
 
As recentes ações militares dos EUA na costa da Coreia do Norte, sob a forma de jogos de guerra, fazem parte de um projeto global. 
 
Exercícios militares, jogos de guerra, atividades armadas etc. de EUA, OTAN e aliados que acontecem simultaneamente em importantes pontos da geopolítica são destinados principalmente à Rússia e à China.


[Locais onde há atividades militares de EUA, OTAN e aliados:] 

- Península coreana, Mar do Japão, Estreito de Taiwan, Mar da China Meridional: ameaça à China. 
 
- Instalação de mísseis Patriot na Polônia, centro de alerta rápido na República Checa: ameaça à Rússia. 
 
- Desdobramentos navais na Bulgária, na Romênia e no Mar Negro: ameaça à Rússia. 
 
- Implantação de tropas da OTAN e dos EUA na Geórgia. 
 
- Uma formidável implantação naval no Golfo Pérsico, incluindo submarinos [nucleares] israelenses: ameaça ao Irã. 
 
No Mediterrâneo oriental, no Mar Negro, no Caribe, na América Central e na região andina da América do Sul a militarização está em curso. Na América Latina e no Caribe, as ameaças são dirigidas contra a Venezuela e contra Cuba.
 
A "ajuda militar" dos EUA
 
As transferências de armas em grande escala foram realizadas sob a bandeira da "ajuda militar" dos EUA a países selecionados, incluindo 5 bilhões de dólares num acordo de armas com a Índia, destinado a reforçar as capacidades militares indianas contra a China ("O gigantesco acordo de armamentos entre EUA e Índia para conter a China"Global Times, 13 de julho de 2010). 
 

A venda de armas vai melhorar os laços entre Washington e Nova Deli, e, intencionalmente ou não, têm o efeito de conter a influência da China na região (citado em Rick Rozoff, "Confrontando China e Rússia: os riscos de um conflito militar entre EUA e China no Mar Amarelo". Global Research, 16 jul 2010). 
 
Os EUA concluíram acordos de cooperação militar com alguns países do Sudeste da Ásia, como Cingapura, Vietnã e Indonésia, incluindo "ajuda militar" e participação em exercícios militares realizados pelos Estados Unidos no Pacífico (julho-agosto 2010). Esses acordos são de grande apoio a implantações de armas contra a República Popular da China. (Veja Rick Rozoff, "Confrontando China e Rússia: os riscos de um conflito militar entre EUA e China no Mar Amarelo"Global Research, 16 jul 2010).  


Da mesma forma, e mais diretamente relacionados com o planejado ataque ao Irã, os EUA vêm armando os Estados do Golfo (Bahrain, Kuwait, Qatar e Emirados Árabes Unidos) com o interceptor de mísseis baseado em terra Patriot Advanced Capability-3 e o Terminal High Altitude Area Defense (THAAD), bem como os Standard Missile-3, baseados no mar, instalados em navios de guerra classe Aegis, no Golfo Pérsico (veja Rick Rozoff, "O papel da OTAN no cerco militar ao Irã". Global Research, 10 fev 2010). 
 
O calendário de armazenamento e de implementação militares 
 
O crucial, no que diz respeito à transferência de armas dos EUA para parceiros e aliados, é o tempo real de entrega e implantação. As ações militares patrocinadas pelos EUA normalmente ocorrem assim que esses sistemas de armas estão estabelecidos, e se dão, efetivamente, após o treinamento do pessoal (veja-se, por exemplo, a Índia). 
 
Estamos lidando com um esquema militar global cuidadosamente coordenado e controlado pelo Pentágono, com a participação das forças armadas combinadas de mais de quarenta países. Esse esquema militar global transnacional é, de longe, o maior desenvolvimento de sistemas avançados de armamentos da história.
 
Os EUA e seus parceiros criaram novas bases militares em diferentes partes do mundo. "A superfície da Terra, hoje, está estruturada como um vasto campo de batalha" (veja Jules Dufour. "A rede mundial de bases militares dos EUA". Global Research, 1 de julho de 2007). 
 
A estrutura de Comando Unificado, dividida em comandos de combate geográficos, baseia-se numa estratégia de militarização em nível global. "As forças armadas do EUA têm bases militares em 63 países. Novas bases militares foram construídas, desde 11 de setembro de 2001, em sete países. No total, há 255.065 militares estadunidenses espalhados pelo mundo" (veja Jules Dufour. "A rede mundial de bases militares dos EUA". Global Research, 1 de julho de 2007).  

Fonte: DefenseLINK-Unified Command Plan


Cenário da III  Guerra Mundial 
 
As Áreas de Responsabilidade dos Comandos Mundiais (veja o mapa acima) definem o esquema militar global do Pentágono. Esse destacamento militar ocorre em várias regiões ao mesmo tempo, sob a coordenação dos comandos regionais dos EUA, envolvendo o armazenamento de armas fabricadas nos EUA por parte dos aliados, alguns dos quais são ex-inimigos, como Vietnã e Japão. 
 
O contexto atual é caracterizado por uma militarização global controlada por uma superpotência global que usa seus aliados para desencadear várias guerras regionais. 
 
A Segunda Guerra Mundial também foi uma combinação de diferentes teatros de guerra regionais. Mas a tecnologia de comunicação e os sistemas de armamento da década de 1940 não permitiam uma coordenação estratégica em tempo real das operações militares entre as principais regiões geográficas. 
 
A guerra mundial se baseia num desdobramento coordenado de uma única potência militar dominante, que supervisiona as ações de seus aliados e parceiros. 
 
Com exceção de Hiroshima e Nagasáki, a Segunda Guerra Mundial foi caracterizada pelo uso de armas convencionais. O planejamento da guerra global é baseado na militarização do espaço. Uma vez iniciada a guerra contra o Irã, não serão utilizadas apenas armas nucleares, mas a toda a gama de sistemas avançados de novos armamentos, incluindo armas e técnicas de modificação ambiental eletrotérmica (ENMOD). [Proibidas pela Convenção de Genebra assinada em 18 de maio de 1977.] 
 
Conselho de Segurança das Nações Unidas 
 
O Conselho de Segurança da ONU (CS) aprovou, no início de junho, uma quarta rodada de sanções globais contra a República Islâmica do Irã, incluindo embargo de armas e rigoroso acompanhamento financeiro. 
 
Numa amarga ironia, essa resolução foi aprovada no dia em que Conselho de Segurança negou-se, pura e simplesmente, a adotar uma resolução para condenar Israel por seu ataque à Flotilha da Liberdade em águas internacionais. 
 
China e Rússia, sob pressão dos EUA, têm apoiado o regime de sanções do CS, em detrimento próprio. A decisão de ambos os países no CS enfraquece sua própria aliança militar, a Organização de Cooperação de Xangai (SCO), em que o Irã tem status de observador. A resolução do Conselho de Segurança congela os acordos de cooperação econômica e militar da China e da Rússia com o Irã. Isso tem implicações graves no sistema de defesa aérea do Irã, que depende em parte da tecnologia e da experiência da Rússia. 
 
A resolução do Conselho de Segurança garante, de facto, sinal verde para a guerra preventiva contra o Irã. 
 
A Inquisição americana: a construção de um consenso político para a guerra 
 
Em coro, os meios de comunicação ocidentais têm apontado o Irã como uma ameaça à segurança global, à luz de seu alegado (e inexistente) programa de armas nucleares. Repetindo declarações oficiais, a mídia agora exige a aplicação de bombardeios punitivos contra o Irã, a fim de garantir a segurança de Israel. 
 
A mídia ocidental está batendo os tambores da guerra. O objetivo é incutir na consciência da opinião pública, por meio de reportagens repetidas ad nauseam, a idéia de que a ameaça iraniana é real e que a república islâmica deve ser "eliminada". 
 
O processo de fabricação de consensos para fazer a guerra é semelhante ao da Inquisição espanhola. Exige submissão à ideia de que a guerra é um esforço humanitário. 
 
Conhecida e documentada, a verdadeira ameaça à segurança mundial decorre da aliança EUA-OTAN-Israel, mas a realidade, num ambiente inquisitorial, é invertida: os fomentadores da guerra são apresentados como comprometidos com a paz, ao passo que as vítimas da guerra são apresentadas como protagonistas do conflito. 
 
Em 2006, quase dois terços dos estadunidenses eram desfavoráveis a uma ação militar contra o Irã. Mas uma pesquisa recente Reuter-Zogby, realizada em fevereiro de 2010, indicou que 56% dos estadunidenses são favoráveis à ação militar da OTAN contra a Irã. 
 
Construir um consenso político baseado numa mentira não pode, no entanto, repousar exclusivamente na posição oficial daqueles que são a fonte da mentira. 
 
O movimento contra a guerra dos EUA, em parte "infiltrado" e cooptado, tem assumido uma posição fraca em relação ao Irã. Está dividido. Dá ênfase às guerras que já aconteceram (Afeganistão e Iraque) em vez de se opôr de maneira enérgica às guerras que estão sendo preparadas na prancheta do Pentágono. O movimento antiguerra vem perdendo parte de seu dinamismo desde o início da administração Obama. 
  
Além disso, aqueles que se opõem ativamente às guerras no Afeganistão e no Iraque não são necessariamente contra a aplicação de "bombardeios punitivos" ao Irã, nem classificam esses ataques como atos de guerra, o que pode, potencialmente, ser um prelúdio para a III Guerra Mundial. 
 
A escala dos protestos contra a guerra no Irã tem sido mínima em comparação com as manifestações em massa que precederam o bombardeio e a invasão do Iraque, em 2003. 
 
A verdadeira ameaça à segurança global provém da aliança entre EUA, OTAN e Israel
 
A operação Irã não recebe oposição, nos círculos diplomáticos, de China e Rússia; tem o apoio dos governos da linha de frente dos Estados árabes integrados ao Diálogo do Mediterrâneo patrocinado pela OTAN. Tem também o apoio tácito da opinião pública ocidental. 
 
Fazemos um apelo às pessoas de todos os países, dos Estados Unidos, da Europa Ocidental, de Israel, da Turquia e de todo o mundo para levantar-se contra esse projeto militar, colocando-se contra seus governos caso eles apoiem a ação militar contra o Irã, contra a mídia que oculta as consequências devastadoras da guerra contra o Irã. 
 
Essa guerra é uma loucura total. 
 
A III Guerra Mundial é terminal. Albert Einstein compreendeu os perigos da guerra nuclear e a extinção da vida na Terra, que começou com a contaminação radioativa resultante do urânio empobrecido. "Não sei que armas serão usadas na III Guerra Mundial", disse ele, "mas a IV Guerra Mundial será travada com paus e pedras".
 
Mídia, intelectuais, cientistas e políticos, em coro, ofuscam a verdade, isto é, que a guerra com armas nucleares destruirá a humanidade, e que esse complexo processo de destruição progressiva já começou. 
 
Quando a mentira se torna verdade, não há como voltar atrás. 
 
Quando a guerra é considerada um empreendimento humanitário, a justiça e todo o aparato jurídico internacional são virados de pernas para o ar: o pacifismo e os movimentos antiguerra são criminalizados. Opor-se à guerra torna-se um crime. 
 
A mentira deve ser exposta pelo que é e diante do que faz. 
 
Ela autoriza a matança indiscriminada de homens, mulheres e crianças. 
 
Ela destrói famílias e indivíduos. Destrói o compromisso das pessoas com outros seres humanos, seus companheiros. 
 
Impede as pessoas de expressar solidariedade para com o sofrimento. Sustenta que a guerra e o estado policial são o único caminho. 
 
Destrói tanto o nacionalismo como o internacionalismo. 
 
Romper a mentira significa quebrar um projeto criminoso de destruição global, em que a busca de lucro é a principal força. 
 
Essa lucrativa agenda militar, em curso, destrói os valores humanos e transforma pessoas em zumbis. 
 
Vamos virar o jogo.
 
Desafiemos os criminosos de guerra em altos cargos e as poderosas corporações de lobistas que os apoiam.
 
Acabemos com a Inquisição estadunidense. 
 
Ponhamos um fim à cruzada militar de EUA-OTAN-Israel.
 
Fechemos as fábricas de armas e as bases militares. 
 
Tragamos as tropas de volta para casa.
 
Os membros das forças armadas devem desobedecer ordens e se recusar a participar de uma guerra criminosa.
 


Michel Chossudovsky é autor premiado. Professor emérito de Economia da Universidade de Ottawa e diretor do Center for Research on Globalization (CRG), Montreal, ele escreveu A globalização da pobreza e a Nova Ordem Mundial (2003) e A "guerra contra o terrorismo" dos EUA (2005). É também colaborador da Enciclopédia Britânica. Seus ensaios e livros já foram publicados em mais de vinte línguas.


Em breve, a segunda parte deste ensaio: "Natureza e história na Operação Militar Planejada contra o Irã" (incluindo uma análise do papel desempenhado por Israel).


Fonte: Global Research.