Quando o medo impede que bilhões manifestem seu descontentamento... quando a voz de bilhões está presa na garganta... alguém tem de mostrar a cara, dar o primeiro passo e o primeiro grito.
No Egito, a primeira cara, e primeiro passo e o primeiro grito foram dados por uma mocinha muçulmana, de fala mansa mas decidida, de voz doce mas firme, de rosto suave e vontade de aço.
Foi ela que chamou a multidão às ruas. Foi ela que, dias antes do histórico 25 de janeiro, foi à Praça da Liberdade, no Cairo, para protestar contra a corrupção, a pobreza, a falta de respeito com que o governo trata a população egípcia -- e que já levara quatro jovens egípcios a atear fogo ao corpo, como na Tunísia. Um desses jovens morreu. Nesse dia, a mocinha postou um aviso na sua página do Facebook: iria à praça depois do trabalho e atearia fogo ao corpo se nada fosse feito para mudar aquele estado de coisas.
Três garotos juntaram-se a ela. Com um cartaz de protesto nas mãos, ela começou a gritar, o mais alto que podia, por que decidira queimar a si mesma até a morte: para lutar pela dignidade do povo egípcio. Dezenas de pessoas a cercaram e logo a polícia chegou, impedindo-a de agir.
A mocinha então fez um vídeo caseiro e o postou no You Tube, convocando aqueles capazes de mostrar a indignação, aqueles que não tinham vergonha, aqueles que ainda tinham honra, a juntar-se a ela no dia 25 de janeiro de 2011 na Praça da Liberdade para protestar contra a ditadura de Mubarak.
O nome dela é Asmaa Mahfouz, 26 anos. Egípcia. Árabe. Universal. Salám Aláikum, Asmaa!
Você verá três vídeos. O primeiro é o que Asmaa colocou no Facebook, chamando seus compatriotas para reunir-se a ela, em protesto, em 25 de janeiro. Você perceberá que ela pediu que, se as pessoas não quisessem ir à praça, que se encontrassem onde quer que fosse e protestassem. As pessoas fizeram isso, como você deve ter lido na primeira postagem de Robert Fisk -- e, em grupos, acorreram à praça, como Fisk testemunhou.
No segundo, Asmaa comenta suas impressões sobre o 25 de janeiro. Já o terceiro traz uma entrevista dela para a MEMRI TV -- The Middle East Media Research Institute.
Agradeço ao amigo palestino Husán Bajis por ter avisado que tudo começou com ela. Saravá, Husán e Asmaa! Estamos com vocês, palestinos, egípcios, jordanianos, tunisianos, sírios, ienemitas e todas as pessoas que ainda têm honra, dignidade e coragem de mudar este mundo.
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Arrasou hein, a asma em pessoa na vida do Mubarak!
ResponderExcluirPois é... Não bastasse a asmaa, ele tem um câncer mo esôfago e nem assim larga o osso. Ser ditador deve ser um emprego muito lucrativo...
ResponderExcluirTodo movimento precisa de um ponto de partida, toda mudança precisa de um movimento, todo protesto precisa de alguém gritando: Mudança!
ResponderExcluirAsmaa Mahfouz sabia disso.
Uma jovem egípcia anônima e cheia de dignidade acabou se tornando o rosto do movimento revolucionário anti- Mubarak no Egito...
ResponderExcluirGreat Asmaa!
Mas são ainda muitos os Mubaraks do mundo, precisamos de mais meninas como você, Asmaa, para soltar a voz e dar o primeiro grito...
... E eu digo não ao não/ eu digo/ é proibido proibir...
ResponderExcluirBaby, que a paz de Deus esteja com você!
ResponderExcluirGostei muito do seu artigo sobre a Asmaa, sobretudo porque, além de mostrar um aspecto importante do movimento contra a ditadura no Egito, ele também mostra que, ao contrário do que gosta de apregoar a imprensa ocidental, nós muçulmanas no mundo todo não somos as vítimas da opressão religiosa, mas sim vítimas justamente de uma imprensa que tenta a todo custo calar à força a nossa voz, e nos representar sem pedir autorização, espalhando mentiras contra a nossa religião que amamos, nos orgulhamos e defendemos como leoas.
E acho que dá para saber exatamente qual a origem desta e de tantas outras campanhas de desinformação que existem hoje em dia não? Lendo seu blog, pude perceber que você sabe a resposta que está em Sion... Vou citar este seu artigo no meu blog.
Salam!
Aláikum Salám, Gisele!
ResponderExcluirA mídia ocidental, você sabe, é controlada por Sion e propaga os mitos sionistas. Um desses mitos é a satanização do islamismo. Debatendo com sionistas na Folha de S. Paulo, em 2 de fevereiro, percebi que os argumentos deles são inconsistentes -- mas, infelizmente, enganam boa parte dos leitores ocidentais. Precisamos denunciar as mentiras de Sion. O tempo todo. Incansavelmente.
Veja meu blogue palestino: http://parallaksis.blogspot.com.
Grande abraço!