quarta-feira, 28 de julho de 2010

Golpe dos EUA na Venezuela em andamento


Vista aérea de Caracas, na Venezuela: se depender dos EUA, esta será outra cidade sob ataque militar.





Nossos irmãozinhos do Norte não se emendam mesmo. Entra governo, sai governo e eles continuam promovendo o terrorismo mundial, desrespeitando a vontade popular expressa pelo voto. A vítima da vez é a Venezuela, segundo denunciou Hugo Chávez ao ler uma carta enviada por uma fonte não revelada dos Estados Unidos. O artigo é de Eva Golinger e inaugura mais um blogue da Rede Parallaksis de Contra-Informação, desta vez dedicado a notícias e análises sobre o Brasil, a América Latina e o resto do mundo.



O presidente venezuelano Hugo Chávez denunciou neste sábado que os EUA planejam atacar o país e derrubar seu governo. Durante a cerimônia que celebrou os 227 anos de Simon Bolívar, herói da independência, Chávez leu um memorando secreto que lhe foi enviado por uma fonte não identificada dos Estados Unidos.
"Velho amigo, não te vejo há anos. Como eu lhe disse em minhas três cartas anteriores, a ideia [dos Estados Unidos] é promover um conflito em sua fronteira ocidental ", diz a mensagem.
"Os últimos acontecimentos confirmam tudo, ou quase tudo, daquilo que é discutido aqui, assim como outras informações que obtive de fontes superiores. A fase de preparação da comunidade internacional, com a ajuda da Colômbia, está em execução", afirma o texto, referindo-se à sessão da última quinta-feira na Organização dos Estados Americanos (OEA), durante a qual o governo da Colômbia acusou a Venezuela de abrigar "terroristas " e "campos de treinamento terrorista", dando a Chávez um “ultimato de 30 dias" antes de autorizar uma intervenção internacional.
A carta continua: "Eu lhe disse que os eventos não começariam antes do dia 26, mas, por algum motivo, eles adiantaram várias ações, que deveriam ser executadas mais tarde. Nos Estados Unidos, a fase de execução está acelerada, juntamente com uma força de contenção, como eles chamam, para a Costa Rica, com o pretexto de combater o tráfico de drogas".
Em 1 de julho, o governo da Costa Rica autorizou a entrada, em seu território marítimo e terrestre, de 46 navios de guerra e 7 mil fuzileiros navais estadunidenses.
O verdadeiro objetivo da mobilização militar, alerta a carta, é "apoiar operações militares" contra a Venezuela.

Assassinato e derrubada do governo
"Existe um acordo entre a Colômbia e os EUA com dois objetivos: um é o Mauricio e outro é a derrubada do governo", revela o documento. O presidente Chávez explicou que "Mauricio" é um pseudônimo utilizado nessas comunicações.
"A operação militar está prestes a acontecer", advertiu o texto, "e o pessoal do Norte a executará, mas não diretamente em Caracas. Eles vão caçar Mauricio fora de Caracas. Isso é muito importante. Repito: isso é muito importante."
Chávez revelou ter recebido cartas semelhantes, da mesma fonte, alertando-o para graves ameaças. Uma delas lhe foi enviada pouco antes da captura de mais de 100 paramilitares colombianos na periferia de Caracas, que estavam ali para assassiná-lo. Outra carta chegou-lhe às mãos em 2002, poucos dias antes do golpe de Estado que o tirou do poder por algum tempo. “A carta advertia sobre os atiradores e sobre o golpe de Estado”, explicou Chávez, "e a fonte estava certa, a informação era verdadeira, mas não conseguimos agir a tempo de evitar o golpe".

A expansão militar dos EUA
Esta informação vem na esteira da decisão de Chávez, tomada na quinta-feira passada, de romper relações com a Colômbia, depois do “show” colombiano na OEA.
"Uribe é capaz de tudo", advertiu Chávez, anunciando que o país está em alerta máximo, com reforços nas fronteiras.
Em outubro passado, a Colômbia e os EUA assinaram um acordo militar que permite, aos EUA, ocupar sete bases colombianas e usar todo o território do país latino-americano, se necessário, para realizar missões militares. Uma das bases do acordo, Palanquero, foi citada em maio de 2009 num documento da Força Aérea estadunidense como necessária para "conduzir operações militares em espectro total" na América do Sul e lutar contra a ameaça dos "governos anti-EUA" na região.
Palanquero também foi apontada como fundamental para a Estratégia de Mobilidade Global do Pentágono, conforme descrito num paper de fevereiro de 2009 chamado Air Mobility Command Global En Route Strategy: "USSOUTHCOM identificou Palanquero, Colômbia (Olano Airfield SKPQ alemão), como um local de segurança cooperativa (CSL). A partir dali, quase metade do continente pode ser coberta por um C-17, sem reabastecimento".
O orçamento do Pentágono para 2010 inclui um pedido de 46 milhões de dólares para melhoria das instalações de Palanquero, a fim de apoiar o Comando de Combate do “Theatre Posture Strategy”  e "fornecer uma oportunidade única para as operações de espectro total em uma sub-região crítica de nosso hemisfério, onde a segurança e a estabilidade estão sob a ameaça constante de insurgências terroristas financiadas pelo narcotráfico, de governos anti-EUA, de pobreza endêmica e de desastres naturais recorrentes".
O documento de maio 2009 acrescenta ainda que Palanquero seria usada para "aumentar nossa capacidade de condução de Inteligência, Vigilância e Reconhecimento (ISR), melhorar o alcance global [...] e expandir a capacidade expedicionária de guerra".
Em fevereiro de 2010, em sua avaliação anual de ameaças, a Diretoria Nacional de Inteligência (NDI) classificou a Venezuela como "líder anti-EUA" na região.
Os Estados Unidos também mantêm postos de operação avançados (pequenas bases militares) em Aruba e Curaçao, a poucos quilômetros da costa venezuelana. Nos últimos meses, o governo da Venezuela denunciou incursões não autorizadas de drones (aviões não tripulados) em território venezuelano, lançados das bases estadunidenses na América Latina.
Essas últimas revelações mostram que um conflito grave e injustificado vem sendo preparado rapidamente contra a Venezuela, um país com uma democracia vibrante e com as maiores reservas de petróleo do mundo.




Tradução: Baby Siqueira Abrão

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