segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Israel quer "salvar" Mubarak

Depois de ler o artigo de Michel Chossudovsky, a matéria do Haaretz ganha ares de teatro escolar. O governo de Israel parece desempenhar o papel do marido traído que não só sabia da traição da esposa como estimulava esse comportamento porque lhe convinha. No palco, porém, se faz de vítima -- papel que Israel sempre representou e que hoje não convence mais ninguém. 


Jerusalém procura convencer seus aliados de que é do interesse do Ocidente manter a estabilidade do regime egípcio
Por Barak Ravid/Haaretz
Tradução de Baby Siqueira Abrão

Neste fim de semana, Israel pediu aos Estados Unidos e a alguns países europeus que contivessem suas críticas ao presidente Hosni Mubarak, para preservar a estabilidade na região.
Jerusalém procura convencer seus aliados de que é do interesse do Ocidente manter a estabilidade do regime egípcio. As medidas diplomáticas vieram depois que declarações feitas nas capitais ocidentais indicaram que Estados Unidos e União Europeia [UE] apoiam a deposição de Mubarak.
Autoridades israelenses vêm mantendo um estilo low profile em relação aos acontecimentos no Egito. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu ordenou aos membros do gabinete que evitem comentar publicamente o assunto.
Altos oficiais israelenses, no entanto, disseram que na noite de sábado o Ministério das Relações Exteriores emitiu uma instrução para cerca de uma dúzia de embaixadas-chave nos Estados Unidos, Canadá, China, Rússia e vários países europeus. Os embaixadores devem sublinhar, para seus países de acolhimento, a importância da estabilidade do Egito. Em um telegrama especial, eles foram orientados a fazer isso o mais depressa possível.
Os chanceleres da UE vão discutir a situação no Egito numa sessão extraordinária hoje, em Bruxelas. Depois disso espera-se a emissão de uma declaração nos mesmos termos das emitidas nos últimos dias pelo presidente dos EUA, Barack Obama, e pela secretária de Estado Hillary Clinton.
Obama convidou Mubarak a dar "passos concretos" para as reformas democráticas e a evitar o uso de violência contra os manifestantes pacíficos, sentimentos repetidos, em um comunicado na noite de sábado, pelos líderes de Grã-Bretanha, França e Alemanha.
"Os estadunidenses e os europeus estão sendo influenciados pela opinião pública e não têm considerado seus interesses genuínos", disse um alto funcionário israelense. "Mesmo que tenham críticas a Mubarak, eles devem fazer seus amigos sentirem que não estão sozinhos. Jordânia e Arábia Saudita veem as reações no Ocidente, percebem como todo mundo está abandonando Mubarak, e isso vai ter implicações muito sérias.”
Netanyahu anunciou ontem, na reunião semanal de gabinete, que o gabinete de segurança vai se reunir amanhã para discutir a situação no Egito.
"A paz entre Israel e Egito durou mais de três décadas e nosso objetivo é garantir que essas  relações continuem a existir", disse Netanyahu a seus ministros. "Monitoramos de perto os acontecimentos no Egito e na região e estamos fazendo esforços para preservar sua segurança e estabilidade".
O Ministério dos Negócios Estrangeiros pediu aos israelenses que estão no Egito a considerar voltar para casa. Já aqueles que pretendem visitar o Egito devem reconsiderar a decisão. Os israelenses que decidirem permanecer no Egito devem obedecer as diretrizes do governo, avisou o Ministério.


Em tempo: o governo sionista não consultou seu embaixador no Egito sobre a crise. Fala sério: e precisava?

Nenhum comentário:

Postar um comentário